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Arquitetos: Memola Estúdio
- Ano: 2022
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Fotografias:Alexandre Disaro
Descrição enviada pela equipe de projeto. A unidade de Barueri do Camponesa, restaurante de comida caseira que tem o parmegiana como prato-chefe, foi a primeira com arquitetura idealizada para interpretar a sua história de cozinha de boa qualidade, genuína e para toda a família. Um dos desafios, assim, foi fazer valer a localização privilegiada do novo restaurante, no Iguatemi Alphaville Shopping, sem relegar a segundo plano os atributos da marca, originária de um empório com lanchonete inaugurado em 1998 na beira da Rodovia Castelo Branco, no município de Pardinho, interior de São Paulo, mas que evoluiu para um movimentado restaurante frequentado por público amplo e variado.
Os eixos conceituais do projeto giram em torno do ideário de comida caseira, interiorana, feita com ingredientes de boa qualidade e com a simplicidade à serviço da excelência, traduzido arquitetonicamente na paleta cromática onde sobressai o vermelho em tonalidades terrosa e carmim, bem como no predomínio de materiais naturais, como a madeira e o tijolo aparente. O piso do novo restaurante, portanto, assume papel estratégico por causa da sua longa extensão e visibilidade, revestido com cerâmica quadrada vermelha em todo o salão do público. As demolições das paredes pré-existentes deram origem à planta em L do ambiente, que contorna a cozinha e os espaços funcionais restritos aos funcionários, no térreo e mezanino, antecedido por uma sala de espera conectada ao shopping através de caixilharia de madeira e vidro e com porta de correr.
O ladrilho hidráulico aplicado na fachada deste ambiente de ingresso se assemelha em forma e cor à cerâmica do piso, embora com textura diversa, e sobre ele foi pintado o logotipo da marca em uma releitura, em escala reduzida, da grande placa que sinaliza o restaurante na estrada. O conjunto permite a ampla visualização dos interiores mas tem estética que remete às casas de fazenda, modulado em quadros envidraçados, à meia altura, e com tela perfurada, ao alto. Além de elemento de identidade do Camponesa, trata-se complementarmente de uma menção à cultura popular de sinalização de estabelecimentos comerciais com tal técnica. Contraposto ao piso vermelho, o teto é superfície de visualização secundária, exceto no trecho próximo à entrada onde o pé-direito duplo é interrompido pela presença do mezanino. A sua presença foi transformada em elemento de interesse do projeto ao se recobrir o volume suspenso com tábuas de madeira de demolição, gerando a ambiência mais intimista do trecho frontal do restaurante.
Já no salão propriamente dito, há uma série de padrões de revestimentos derivados da paleta do projeto e coordenados com o layout, cuja diversidade ajusta a grande dimensão do espaço à sensação de acolhimento. Os revestimentos das paredes, assim, assumem papel de destaque, demarcando os sofás fixos através da aplicação de uma faixa a meia altura, inspirada nas tradicionais casas de fazenda mas com visualidade (cor carmim e traço delicado) sintonizada com a identidade arquitetônica. A faixa muda de cor, para branco, no trecho entre as duas janelas da fachada posterior, de modo a colaborar com a reflexão da luz natural incidente nos interiores e a enfatizar a presença das jardineiras, e depois volta a assumir a cor carmim, destacando as peças de mobiliário e objetos de garimpo.
Já as novas paredes de delimitação da grande cozinha, feitas com drywall, foram revestidas com meio tijolo aparente, exceto nos fundos do bar, que tem protagonismo nos interiores, tanto funcional quanto simbolicamente. Se a cozinha è apartada do público, ele é o ponto de contato com bastidores do restaurante, e a sua grande dimensão ao mesmo tempo enfatiza a frequência familiar e de grupos e é enfatizada pela linearidade do balcão, das suas molduras de madeira e pelas reflexões da luz no azulejo branco e brilhante. As cadeiras, enfim, à semelhança do piso vermelho, são elementos visuais integradores, havendo dois tipos de assentos móveis.